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domingo, 3 de outubro de 2010

Paralítica Política Parasita - Comício do Fim

O Jardim da Política Brasileira: eis o solo infértil que servirá de base para os rabiscos nessa areia de binômios e píxels e outros grãos mais que significam os contornos luminosos frente à nossa fronte.
Um dia triste, que vejo com resignação, percebendo que o Brasil, de fato, tem a situação sociopolítica que merece.
É engraçado como uma população explorada, carente de terra renda e especialmente instrução técnica e humana, se deixa reger pelas batutas azuis e vermelhas que vemos encabeçando a lista dos eleitos.
Tragicômico.
Tiriricas e Anastasias fazendo piadas de mau gosto, deixando frutos e flores futuras fenecerem antes de surgir.
Pão, circo e propaganda, muita propaganda.
Esse é o incontável segredo escondido sob incontáveis notas ganhadas pelo preço do espetáculo.
Que pagamos rindo, que comemos de volta, pelos olhos e ouvidos.
E vomitamos pela ponta dos dedos. amos, sim, pela crença (ainda) no coletivo.
Pelo produto do pó de pirlipimpim que dá realidade à fantasia discursiva que se ergue ante nosso medo, pessimismo e comodismo (eis o último grande ismo da modernaidade).

Esperança ou desilusão? Viver, talvez.
Olho-no-olho do horizonte, não pra chegar lá, mas para continuar andando (manco, mas ando).
Acreditar nas mentiras verdadeiras, e nos seus sinônimos tantos como utopia ou poesia.

Por falar em falácia:

FRAGMENTOS

1

Me quer ? Não me quer ? As mãos torcidas
os dedos
despedaçados um a um extraio
assim tira a sorte enquanto

no ar de maio
caem as pétalas das margaridas
Que a tesoura e a navalha revelem as cãs e
que a prata dos anos tinja seu perdão
penso
e espero que eu jamais alcance
a impudente idade do bom s
enso

2

Passa da uma
você deve estar na cama
Você talvez
sinta o mesmo no seu quart
o
Não tenho pressa Para que acordar-te
com o relâmpago
de mais um telegrama

3

O mar se vai
o mar de sono se esvai
Como se diz: o caso está enterrado

a canoa do amor se quebrou no quotidiano
Estamos quites
Inútil o apanhado
da mútua dor mútua quota de dano

4

Passa de uma você deve estar na cama
À noite a Via Láctea é um Oka de prata
Não tenho pressa para que acordar-te
com relâmpago de mais um telegrama
como se diz o caso está enterrado
a canoa do amor se quebrou no quotidiano
Estamos quites inútil o apanhado
da mútua do mútua quota de dano
Vê como tudo agora emudeceu
Que tributo de estrelas a noite impôs ao céu
em horas como esta eu me ergo e converso
com os séculos a história do universo

5

Sei o puldo das palavras a sirene das palavras Não as que se aplaudem do alto dos teatros Mas as que arrancam caixões da treva e os põem a caminhar quadrúpedes de cedro Às vezes as relegam inauditas inéditas Mas a palavra galopa com a cilha tensa ressoa os séculos e os trens rastejam para lamber as mãos calosas da poesia Sei o pulso das palavras parecem fumaça Pétalas caídas sob o calcanhar da dança
Mas o homem com lábios alma carcaça.


Vladimir Maiakóvski

...

REAÇÃO


toda revolução por outras linhas na trilha

de minhas mãos


toda liberdade por um abrigo

que me guarde


todo o sonho por um sono

tranqüilo


todowtodos, por um lado que leve ao fim

dos contrários


(mas o peito, antes do pó, não fica parado)

meu eu – eu meu – nós vários

...

SOLUÇO DO SOL


Tatear miragens

num deserto de imagens


inventar oásis sonoros

beber a areia viva do chão


seco – mas ainda se sente

o soluço do sal


se houver ainda algo de flor

nesse cacto


algo de pétala nessa palavra

- Flor.

...


Fome atrás dos dentes. Faca atrás das frases.

Fezes. Atrás das grades da sociedade.

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