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quinta-feira, 31 de março de 2011

'Mais do que a curiosidade, era o mesmo não entender que os animava.' - Guima

Prefiro escrever com os sentidos cheios. Do ouvido à vista, a pele, a língua. Com as portas da percepção preenchidas, pode a alma ver além da luz, ouvir além da onda e, antes e acima de tudo, sentir o circular ir, do átomo ao mundo (e além, e aquém). Ter contato de dentro pra fora com o âmago, com o big-bang onde reside a gênese necessária à criação, à vida, ao universo, à poesia.


Anseio o sabor e não o saber.

O seio
O sêmem
O sangue

Basta de tinta nessas linhas.


...

paro pra ver a vista
do mundo modernalista
e vejo, ficando lá atrás
a vida.


...

No meu aniversário
Não ganhei muitos presentes
Só ganhei mais passados.


...

bebida, caminho de ida.

sim

essa é nossa sina

...
e nosso sin

são?

não

a realidade só me enterra
dentro do caixão.

...


Entre nada

e tudo
o vão se abre
para o mundo

entre o céu
e o fogo
o mar desliza
para o fundo

entre o vivo
e o morto
o cheio corre
para o oco

entre a casca
e o caroço
o suco escorre
para o poço.

...

Entre um crente e um cético, há uma nuvem de elétrons. Entre o ser e o não ser, há um faminto querer. Entre o escuro e o ver, há raios olhos e o que pode vir a ser. Entre eu e você, há o olhar. Um, a letra. Outro, o Ler.

domingo, 13 de março de 2011

Não sou feliz mas não sou mudo. Hoje canto muito mais.

Frase belchioriana, grudada na Lesma subindo na parede lodosa da vida.
Silenciosamento, canto.

...

de canto em canto
cada humano conta
as gotas de seu pranto

de canto em canto
cada homem esconde
as gotas de seu sangue

de canto em canto
cada ser seca as lágrimas
do seu querer estar vento

e não poder ser nada
além de carne sangue água
onde inventamos a voz o ritmo

a palavra encantada

onde inventamos nós os ritos a palavra
onde invetamos vós o grito a palavra

voando fora da asa


...

Miméticaminhos

Em matéria de vida imito o mineiro
pá e lavra
pés mesclados na água
castelo de pedra erguido na areia

procurar na lama no lodo nos lados
pescar pedra e pó com peneira
pepitas preciosas deamantes
incrustados em cada instante

tirar da corrente
salvar da correnteza
que corre parada
e nunca é a mesma

Talvez na praia nas noites do diàdia
eu encontre um bruto diamante
ou quem sabe, a brutal -

Poesia

...

não há um Outro
que me habita
há Outros
e são Tantos

que me perco em meio
a mantos
a máscaras
e panos

há o olhar
o não lugar
sem olhos ou corpos
e estou lá

há sonhos enterrados
espelhos
desejos
e cacos

não há eu (para perder-se)
há falta
há nós
e os laços

há uma cidade
de muitas ruas
com seus becos

e buracos

...

Bêbado.

Menos de bebida
que de sonho

de olhar e ouvir
e falar e sentir

noiteahnoite o dia
além da luz

No encontro dos olhos
dos corpos do copos

receosos tilintantes
corações cheio de sangue

enquanto vida e
enquanto dor

cheios de algo bombeando o Ir
seja pra onde for

tremendo de coragem
de frio

de amor

...

Um aperto no peito pingando
como tinta em cada ponto final.

.uma gota de tinta
.uma gota de sangue
.uma gota de sal

sempre tão novo
sempre tão igual

O nó na garganta
a degolada
e persistente

esperança...
...

O Vento Levou

.

com o tempo, vemos
que palavras
como o tempo, voam
...

Poesia é ver o fruto além da casca?